O jogo do Jair: Michelle Bolsonaro para presidente e Tarcísio fica em São Paulo

O ex-presidente rejeita tanto Gilberto Kassab quanto Ricardo Nunes. Por isso pode acabar aceitando a reeleição de Tarcísio de Freitas
Michelle Bolsonaro, Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas: os dois nomes do chefão para presidente da República | Foto: Divulgação

O ex-presidente Jair Bolsonaro vai começar uma peregrinação pelo país com o objetivo de formatar uma chapa para presidente da República.

Praticamente toda a imprensa assegura que, inelegível, Bolsonaro vai apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), presidente.

É possível? É. Porque Tarcísio de Freitas é consistente como gestor e agrada empresários e banqueiros. O mercado avalia que, sendo mais racional do que o padrinho, terá condições de colocar o país nos trilhos do crescimento econômico.

Porém, há o Bolsonaro “da” imprensa e há o Bolsonaro “dos” bastidores. Trata-se de um duplo, revelando a ambiguidade de um político sagaz e inteligente. Nada ver com intelectualidade. O ex-presidente, em termos de cultura, é o Lula da Silva da direita. Os dois são parecidos, inclusive nas grosserias no trato com as mulheres. Suas diferenças são mais no campo ideológico (esquerda versus direita).

Tarcísio de Freitas é um amigo do peito? Já foi mais. Bolsonaro, segundo um aliado, desconfia que o governador de São Paulo não é bolsonarista o suficiente.

Ainda assim, estaria articulando uma chapa com Tarcísio de Freitas para presidente e Ratinho Júnior, governador do Paraná, na vice? É o que se diz.

Há outros problemas. Se renunciar para disputar a Presidência, Tarcísio de Freitas abrirá espaço em São Paulo, possivelmente, para um não bolsonarista. Bolsonaro conversa com Gilberto Kassab (PSD) e com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas não tem apreço pessoal e político pela dupla. Porque não os considera bolsonaristas, e sim apenas companheiros eventuais de jornada.

Mas o que significa exatamente a falta de “simpatia”? São Paulo é um Estado, claro, mas é, também, um “país” incrustado no Brasil (mais rico do que Argentina e Chile). Perdê-lo para uma dupla de centro-direita, não bolsonarista, pode não agradar Bolsonaro.

Portanto, há a possibilidade de Bolsonaro aceitar que Tarcísio de Freitas dispute a reeleição. Mas, se o governador permanecer em São Paulo, quem poderá ir a presidente pelo bolsonarismo?

Nos bastidores, mas ainda não na imprensa, o que se comenta é que Bolsonaro vai apoiar Michelle Bolsonaro para presidente. A tese é que, se sua mulher for eleita, Bolsonaro ganhará uma espécie de segundo mandato. Ele será presidente por meio de sua mulher. Pode parecer machista, e certamente é. Mas Bolsonaro e Michelle Bolsonaro são bastante alinhados pessoal e politicamente. (E.F.B.)

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